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Arquitetos: São Paulo Criação
- Área: 335 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Massimo Failutti
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Fabricantes: REKA, Securit
Descrição enviada pela equipe de projeto. Numa obra anos antes dessa, ao ver toneladas de entulho jogadas no chão e pensar no seu destino, usei pela primeira vez essa técnica. As paredes saíram cada uma com uma textura diferente à medida que desenvolvíamos a maneira de erguê-las. Isso surpreende os passantes e, talvez os faça pensar em sustentabilidade, evidente nessas paredes de escombros, que trazem reminiscências da antiga casa. Algumas caiadas, outras não, são memórias daquilo que existiu. Paredes vivas, cheias de informação.
Neste projeto, mantive uma certa volumetria típica do bairro. E busquei não somente uma harmonia espacial, mas repensar e enaltecer técnicas construtivas, complementares, eficazes e econômicas, em poéticas espaciais. Proporcionar aos habitantes da casa, um constante prazer de morar. Talvez tenha sido esse o partido.
Nesta obra desenhamos os pilares longe dos vértices de toda a periferia do andar térreo. Isto proporcionou um jogo de balanços à laje maciça, permitindo-lhe ser mais delgada e sem necessidade de vigas, nem sequer ocultas nas paredes; estas são encimadas por vidro, não encostam nessa grande laje, ampliando ainda mais esse espaço do térreo, dando a sensação de flutuação do teto. Esses pilares são tubos metálicos preenchidos de concreto, por isso esguios, mimetizam-se com os caixilhos. Visando sempre a flutuação do grande plano do teto.
As duas únicas paredes de concreto, paralelas, tem a função de contraventar toda a edificação e ainda sustentam as pesadas caixas d'água. Entre elas, a escada e um vitral ao fundo. Esse leve vitral as ilumina e lhes confere a sensação de força e, ao mesmo tempo, a contraluz dá à escada um aspecto delgado e singelo; proporciona ainda, luz a todo lado sul da edificação e a ventilação cruzada. No piso superior, a distribuição aos quartos é um largo corredor a vazar a casa do sul ao norte. E na fachada, um amplo terraço em balanço, proporciona o desfrutar aberto à privilegiada vista do bairro.
Em terreno montanhoso, o entorno é arrimado por eternas paredes ciclópicas, generosas para nela a vegetação fixar-se ao longo do tempo. As instalações elétricas e hidráulicas estão explícitas em todas as faces externas. Entulho, pedra, madeira, concreto e cristalinidade do vidro. Um material enaltece o outro. Algumas demolições são imprescindíveis, mas a maioria é um desperdício de energia, despreza o esforço de muita gente, despreza a matéria prima extraída da natureza e a devolve ao ambiente como lixo. Nessa obra então, evitamos que dezenas de caminhões para descarregar entulho circulassem pela cidade e, outro tanto trouxesse tijolos. Economizamos dinheiro, tempo e poupamos poluição causada pelo diesel. Além deste partido de sustentabilidade, a casa dispõe de placas fotovoltaicas e aproveitamento de águas da chuva.